Por Alexandre Costa*
Os sertanejos foram tomados de surpresa quando o governador João Azevedo (Cidadania) anunciou, na última terça-feira (1°), a implantação de linhas aéreas comerciais para o Sertão da Paraíba. O anúncio me chegou como um misto de alegria, frustração e questionamentos.
Alegria porque finalmente a atividade da aviação regional entrou no radar das prioridades do Governo da Paraíba.
Frustração pelo fato das duas cidades, Sousa e Cajazeiras, detentoras das maiores economias do Alto Sertão ficarem de fora dessa rota.
Quanto aos questionamentos, esses são vários e inquietantes: Por que a rota inicial do voo da empresa Azul contempla apenas Patos e Recife? Quais as justificativas para excluir as cidades de Cajazeiras e Sousa dessa rota? Quando teremos linhas aéreas no eixo João Pessoa-Cajazeiras? O que levou o governador Azevedo a esse anúncio abrupto de investir na aviação regional em plena segunda onda pandêmica?
Acredito que esta repentina guinada do governador foi motivada por um fator de ordem política que tem nome e endereço certo: O deputado federal Hugo Mota (Republicanos) da cidade de Patos. Foram ações da lavra do deputado Mota todas as tratativas junto ao Governo do Estado e a empresa Azul que culminaram na viabilização desta rota, Patos-Recife, além da emenda parlamentar que assegurou investimentos para transformar o atual aeródromo de Patos num moderno aeroporto.
Cajazeiras, que há mais de 60 anos foi pioneira na implantação desse serviço nas asas da VARIG e da Real Linhas Aéreas na rota Recife-Cajazeiras-São Luiz, ficou para trás. Órfã de representação política na Câmara Federal ficou a reboque da cidade de Patos. Que vexame!
Cajazeiras assistiu a tudo isso de braços cruzados? A nossa classe política assistiu, SIM! A Sociedade Civil Organizada, NÃO!
Deve-se a construção do nosso aeródromo, Pedro Vieira Moreira, a forte pressão e cobrança da sociedade, que conseguiu a doação do terreno, feita pelo médico cajazeirense José Maria Moreira. Uma obra histórica, fruto de uma luta hercúlea que foi executada a “conta-gotas” ao longo de vinte anos, passando por quatro governadores, que resultou em um dos melhores e mais estruturados equipamentos aeroviários do estado.
Enquanto o jovem político patoense esbanja competência na articulação de projetos estratégicos para sua região, um dos nossos representantes, o deputado estadual Júnior Araújo (Avante), “dorme” na presidência da inoperante Frente Parlamentar da Aviação Regional. Júnior deixou o cavalo passar selado ao perder a oportunidade de se tornar o patrono da aviação regional da Paraíba.
*Alexandre José Cartaxo da Costa é engenheiro, empresário, com MBA em Gestão Estratégica de Negócios, diretor da Fecomércio PB, presidente da CDL/CZ e membro da ACAL (Academia Cajazeirense de Artes e Letras).