O atual padrão de aquecimento das águas superficiais da região Centro-equatorial Leste do Oceano Pacífico (configurando um suposto episódio de El Niño) não representa qualquer ameaça à qualidade da Estação Chuvosa do Semiárido do Nordeste para o próximo ano. Essa constatação resulta do fato de até o atual momento não ter se configurado uma Zona de Baixa Pressão sobre o Pacífico Oriental, situação que, aí sim, caracterizaria um Padrão Clássico de El Niño e, por conseguinte, uma grave ameaça ao período chuvoso do Semiárido brasileiro.
Ao contrário disso, o que se têm observado, ao longo de todo o segundo semestre de 2023, é o predomínio absoluto da Circulação Anticiclônica sobre aquela área do Pacífico, padrão atmosférico, inclusive, que é responsável, em grande medida, pela gravíssima seca que afeta os rios da Bacia Amazônica, sobretudo aqueles cujas nascentes estão localizadas na região dos Andes.
Por outro lado, ao observarmos atentamente as condições atmosféricas sobre a Bacia do Atlântico Tropical Sul, verifica-se que a Ciclofrontogêneses – mecanismo fundamental para a qualidade do período chuvoso em toda a costa centro-oriental do Brasil – têm-se apresentado muito ativa. Inicialmente esse sistema concentra sua atuação abaixo do Trópico de Capricórnio, o que explica, inclusive, a formação de intensos Ciclones Extratropicais na costa da Região Sul do Brasil.
A expectativa, portanto, é de que a partir de meados de fevereiro esse mecanismo comece a se estabelecer sobre o Atlântico adjacente à costa leste do Nordeste, favorecendo o deslocamento de fretes frias até o sul da Bahia, e a aproximação da Zona de Convergência Intertropical, favorecendo a ocorrência de precipitações mais intensas e frequentes em nossa região.
Fonte: Ricardo César A Andrade
Cidade de Santa Cruz, PB