O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira (3) que a atividade brasileira está se recuperando e voltando em V. Para ele, o avanço abaixo do esperado do PIB (Produto Interno Bruto) no terceiro trimestre foi influenciado por revisões que puxaram resultados anteriores para cima.
“É a economia voltando, voltando em V como dissemos antes. Houve revisões em trimestres anteriores, com crescimento um pouco para cima, então veio um pouquinho abaixo do esperado. Mas o fato é que a economia está voltando em V, realmente está voltando”, disse em frente ao Ministério da Economia.
Ele comentou ainda o relatório publicado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) nesta semana, que afirma que as autoridades devem estar preparadas para fornecer apoio adicional na área fiscal.
Na visão de Guedes, o FMI está defendendo a retirada gradual dos programas. “O FMI está sugerindo o que estamos fazendo, que a retirada dos estímulos seja gradual”, afirmou, citando em seguida o auxílio emergencial de R$ 600, que passou para R$ 300 e está marcado para acabar no fim do ano.
“Então a retirada está sendo gradual, exatamente como eles estão recomendando. Tanto que saiu uma apreciação deles elogiando o programa brasileiro”, afirmou. “O Brasil foi uma das economias que voltaram com mais velocidade”, afirmou.
A economia brasileira registrou crescimento recorde de 7,7% no terceiro trimestre de 2020 na comparação com os três meses anteriores, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (3) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O número veio abaixo das projeções do governo e do mercado.
Apesar do crescimento recorde do PIB, a economia brasileira ainda não voltou ao nível pré-crise. Ainda está 4,1% abaixo do último trimestre de 2019. O resultado também se encontra 7,3% abaixo do pico registrado no início de 2014.
Em relação ao mesmo período de 2019, houve queda de 3,9%. O PIB recuou 5% no acumulado do ano e 3,4% em 12 meses.
A SPE (Secretaria de Política Econômica), do Ministério da Economia, publicou nota técnica nesta quinta sobre o PIB do trimestre. O texto afirma que houve forte recuperação da atividade, do emprego formal e do crédito, aliadas ao aumento da taxa de poupança.
Segundo a pasta, esses fatores “pavimentam o caminho para que a economia brasileira continue avançando no primeiro semestre de 2021 sem a necessidade de auxílios governamentais”.
“É importante frisar que a retomada da atividade e do emprego, que ocorreu nos últimos meses, compensará a redução dos auxílios”, diz a SPE.
Outro fator positivo na visão da pasta será a melhora das condições financeiras, que devem continuar impulsionando a atividade, principalmente com a retomada da agenda de reformas, e o aumento da poupança.
“O escudo de políticas sociais criado para amenizar o sofrimento econômico e social causados pela pandemia deve ser desarmado, dando espaço para a agenda de reforma estruturais e consolidação fiscal — único meio para que a recuperação se mantenha pujante”, afirma a SPE.