A cidade de Cajazeiras completa neste dia 10 de julho, 161 anos da elevação da Vila de Cajazeiras à categoria de cidade. Infelizmente uma data esquecida e não comemorada pelos cajazeirenses.
Quando chegaram os primeiros povoadores à região do que seria o futuro município de Cajazeiras, em quase todo o Sertão já havia habitantes. Vital de Sousa Rolim e Ana Francisca de Albuquerque (Mãe Aninha) uniram-se em matrimônio. A união destas duas famílias deu origem ao povoamento de Cajazeiras.
Começava o núcleo que faria nascer a cidade. A Fazenda das Cajazeiras se constituiu através de um dote de Luís Gomes de Albuquerque quando do casamento de sua filha Ana, com Vital de Sousa Rolim. Numa elevação em frente à casa da fazenda, Mãe Aninha ergueu um oratório dedicado a Nossa Senhora da Piedade, onde costumava rezar e assistir as celebrações feitas pelo filho Inácio Rolim – o padre virtuoso e santo que soube conduzir e projetar a cidade para um grandioso destino.
O Padre Rolim, em 1825, retornou de Olinda – Pernambuco, ordenado, e a partir de então, dedicou-se de corpo e alma ao magistério nos Estados da Paraíba, Ceará e Pernambuco. Em Cajazeiras fez um Colégio. As datas da fundação são divergentes: teria sido em 1837? Ou 1839? Ou ainda em 1843? O seu trabalho como educador projeta-se por todo o Nordeste. Após o falecimento do Padre, o Colégio continuou a viver, hoje encarnado numa Faculdade de Filosofia, mas na memória do povo, o velho Colégio do Padre Rolim, se constitui num dos mais importantes marcas da cidade. Infelizmente teve suas atividades paralisadas e mais uma vez foi fechado. Até quando?
O Oratório de Nossa Senhora da Piedade, construído por Mãe Aninha, passou a dignidade canônica de Capela e em 29 de agosto de 1859, através da Lei Provincial n.º5, foi criada a Paróquia de Nossa Senhora da Piedade, sancionada pelo Presidente da Província Paraibana Ambrósio Leitão da Cunha. Instalada a Paróquia, o seu primeiro vigário foi o Padre José Tomaz de Albuquerque. Criada a Paróquia o povo de Cajazeiras começou a ganhar expressão política.
O povoado de Cajazeiras se desenvolvia. Já tinha o Distrito representante junto à Câmara Municipal de Sousa. Foi da iniciativa de Vital Rolim (neto de mãe Aninha e Vital) instalar a 20 de junho de 1864, o município de Cajazeiras, já criado através da Lei Provincial 92, de 23 de Novembro de 1863, cuja Câmara Municipal foi instalada em 1864, sob a presidência do Padre José Tomaz de Albuquerque, que foi o primeiro prefeito da cidade.
Cajazeiras deve a sua independência política ao Deputado Provincial, do Partido Liberal, representante de Piancó, Dr. João Leite Ferreira. Em sessão de 27 de outubro de 1863, apresentou um projeto de lei que recebeu o número 23. Após debates, teve a sua primeira votação em 10 de novembro de 1863. Em sessão, no dia 13 de novembro subiu à sanção do Presidente da Província Dr. Francisco de Araújo Lima e transformada em Lei Provincial 92, de 23 de novembro de 1863.
Cajazeiras foi elevada à categoria de Vila e sede do município. Passou 12 anos como Vila. Mas neste pequeno período a vida política do município foi constrangedora, conturbada e perturbada. Muitos foram os fatos funestos: em 1867, teve duas câmaras municipais (Câmara Nova e Câmara Velha), em 1868, aconteceu o brutal assassinato do Tabelião José Leandro Soares.
A crise política instalada no município deflagraria num terrível morticínio. Em 1872, dia de eleição de vereadores e juízes de paz, no patamar da Igreja Matriz, numa violenta batalha campal, morreu crivado de balas de bacamarte, um membro do Partido Liberal, o jovem Tenente João do Couto Cartaxo.
Esse clima de violência e truculência política era patrocinado, principalmente, pelos membros do Partido Conservador do Distrito de Santa Fé, liderados pelo Alferes João Pires. Cajazeiras se liberta e se livra do signo da violência quando adquire o foro de cidade. Os doze anos de Vila foram de insegurança e incertezas para todos os seus habitantes.
Com a criação do município, Cajazeiras passava a ter o seu termo Judiciário, datado de 19 de janeiro de 1864, agregado ao termo de Sousa. Somente em 2 de janeiro de 1875, graças ao Decreto Imperial de n.º 5844, Cajazeiras passa a ter o seu juiz municipal togado e residindo na cidade. Assumiu nessa condição o alagoano Dr. Bernardo Lindolfo de Mendonça.
O Povoamento, a Fazenda, o Colégio, a Paróquia, a Vila, o Município, o Termo Judiciário e finalmente a Cidade, foram os caminhos percorridos por Cajazeiras para chegar até os dias de hoje.
Cajazeiras foi elevada à categoria de cidade no dia 10 de julho de 1876, através da Lei Provincial 616, sancionada por Dr. Flávio Clementino da Silva (Barão de Mamanguape). Por que não comemorar esta importante data da história do município? Por que as mais importantes datas, como o 23 novembro (Emancipação Política) estão esquecidas ou simplesmente ignoradas?
Cajazeiras comemora o dia da cidade, no dia 22 de agosto, data do nascimento de Padre Rolim. Infelizmente, os discursos proferidos neste dia, anunciam que o 22 de agosto é a data da emancipação política. Procedendo assim, estamos ensinando a história do município completamente errada. É preciso resgatar as datas maiores da nossa história. Não podemos, nem devemos tão somente incorporar a História do Padre Rolim como única. Existem outras inúmeras efemérides e datas significativas que devemos resgatar e celebrar e o 10 de julho é uma delas.