Na história do município de Cajazeiras, existem importantes e significativas datas que caíram no esquecimento do povo e das autoridades e não são sequer citadas ou lembradas no seu dia. A única ainda badalada é o 22 de agosto, dia do nascimento de Padre Inácio de Sousa Rolim, grande benfeitor desta terra, quando, indevidamente, se comemora a emancipação política do município e também o dia da cidade.
Na realidade, foi no dia 23 de novembro de 1863, que o Presidente da Província, Francisco de Araújo Lima, sancionou a Lei nº 92, que criou o município de Cajazeiras, cuja instalação foi feita no dia 20 de junho de 1864 e foi o Padre José Tomaz de Albuquerque o primeiro Presidente da Câmara Municipal. Esta data, ao longo destes 141 anos, só foi comemorada uma vez, em novembro de 1964, por imposição do Mons. Vicente Freitas, o grande educador e conhecedor da história de Cajazeiras, que a todo custo realizou as solenidades alusivas ao centenário de criação do município. A luta e a obstinação deste sacerdote foram enormes, mas mesmo assim só conseguiu realizá-la um ano depois.
Foi no dia 10 de julho de 1876, que o Presidente da Província, Flávio Clementino da Silva Freire Barão de Mamanguape, sancionou a Lei nº 616, elevando a vila de Cajazeiras à categoria de cidade. Esta data, até hoje, só foi comemorada também, uma única vez, em julho de 1976. Mais uma iniciativa do Mons. Vicente Freitas, de saudosa memória. A comemoração do Centenário da cidade teve também o apoio do então prefeito Antonio Quirino de Moura e do Governador Ivan Bichara Sobreira. De 1976 até hoje, só esquecimento. Vale registrar que em 10 de julho se comemoram os aniversários de fundação das cidade de Sousa e Araruna, ambas no Estado da Paraíba.
Por que não se resgatar estas datas e os nomes dos homens públicos que contribuíram para estas importantes conquistas político-administrativas ? A exemplo do Deputado Provincial, Dr. João Leite Ferreira, grande líder liberal do Piancó, defensor do Projeto de Lei nº 23, que em sessão da Assembléia Legislativa Provincial da Paraíba, em 27 de outubro de 1863, foi apresentado para debate de seus colegas parlamentares. Graças a esse ilustre deputado que o povo de Cajazeiras conseguiu sua autonomia política. Ainda hoje esse grande benfeitor não é sequer lembrado ou agraciado com um nome de uma rua em Cajazeiras.
Vale lembrar o nome de Vital Rolim (neto do fundador de Cajazeiras e o segundo de igual nome), na condição de vereador e representante do Distrito, junto à Câmara Municipal de Sousa, deve-se a ele a instalação do município, em 20 de junho de 1864. Ora, se em Cajazeiras, não se tem uma grande homenagem ao seu fundador, imagine ao seu neto.
A Câmara municipal poderia pedir a colaboração do Curso de História da Universidade Federal de Campina Grande, ex- Campus V, ou do historiador Deusdedit Leitão, para proceder um levantamento destas datas e personalidades históricas do município para em momentos oportunos prestar as homenagens devidas aos grandes e ilustres cajazeirenses esquecidos de todos nós.
Neste dia 23 de novembro, lembre-se, divulgue, fale para os seus alunos, para os seus vizinhos, amigos e pode até ligar para as emissoras de rádio comunicando que esta data é a mais importante e significativa da história do município. Quem não gosta de liberdade? E foi neste dia que os caminhos se abriram, que as correntes que nos amarravam ao município de Sousa se quebraram e que a partir de então as suas lutas valeriam a pena e que o sentimento do seu povo, os seus valores e os caminhos de sua construção foram alicerçados. Busquemos os nossos valores, exaltemos as nossas tradições, rememoremos os nossos heróis, resgatemos os ideais de nosso povo e a grandeza histórica de nossa gente.
Ave! Cajazeiras. Salve 23 de novembro!
GAZETA DO ALTO PIRANHAS - ED. 310 (19 a 25/11/2004)